Quanto deveria ser o salário mínimo no Brasil em 2025? Veja como ele variou em 20 anos

Todos os anos, o valor é atualizado com base na inflação. Mas isso não significa que esteja alinhado com o aumento dos custos de vida – e atenda da forma adequada a maioria das famílias brasileiras

A fins de comparação, quando foi primeiro definido, em 2002, o salário mínimo era de R$ 200. Se comparado aos R$ 1.518 de hoje, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) destaca que as remunerações apresentam um aumento real de 94,7%. Veja, abaixo, como o valor do salário mudou ao longo dos anos:

Desde que foi criado, o salário mínimo é compreendido pela Constituição Federal como o piso que deve ser atribuído à remuneração mensal de trabalhadores no setor formal, amparados pelo regime CLT. A mesma lógica vale para aposentadorias e outros benefícios sociais (auxílio-desemprego, auxílio-doença, Bolsa Família, etc.).

Teoricamente, esse direito deveria ser capaz de atender a todas as necessidades básicas do funcionário e de seus dependentes. Isso inclui, por exemplo, moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. No entanto, o que se percebe é que, mesmo com os ajustes anuais, ainda existe uma grande lacuna no poder aquisitivo.

Para se ter uma ideia do tamanho da desigualdade entre salário mínimo e os custos de vida, o DIEESE calculou que, para que uma família de quatro pessoas mantenha um estilo de vida digno em dezembro de 2024, o valor deveria ser R$ 7.067,68. Na época, o valor era quase cinco vezes maior do que o mínimo previsto.

De forma a calcular o “salário mínimo necessário”, o DIEESE considera o preceito constitucional de que a remuneração deve atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, com um valor único para as realidades de todo o país. A família hipotética considerada é composta por dois adultos e duas crianças (que, juntas, consomem como um terceiro adulto).

Utiliza-se como base o Decreto lei nº 399/1936, que estabelece que o gasto com alimentação de um trabalhador adulto não pode ser inferior ao custo da Cesta Básica de Alimentos. Então, o valor da maior cesta encontrada entre as 18 capitais pesquisadas é multiplicado por três, para atender os custos de vida de quatro pessoas – o que, em dezembro de 2024, chegou a R$ 7.067,68.

Segundo dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do DIEESE, o custo médio da cesta básica na cidade de São Paulo, em 2024, foi de R$ 813,46. Assim, o salário mínimo nacional de R$ 1.412 teve poder de compra equivalente a 1,74 cesta básica no ano.

Em relação a janeiro de 2024, primeiro mês do penúltimo reajuste, quando a cesta custava R$ 793,39, o poder de compra do salário mínimo era equivalente a 1,78 cesta. Isso revela uma pequena queda no poder de compra do brasileiro entre o início e o final do ano.

Se em janeiro de 2025 o valor do conjunto de alimentos básicos for equivalente a R$ 850, como os especialistas do DIEESE têm projetado, o novo salário mínimo de R$ 1.518 dará aos brasileiros um poder de compra 1,79 cesta básica no mês. A relação é a mais alta desde 2020.

Observe, a seguir, uma tabela com os dados estimados pelo DIEESE como “salário mínimo necessário”, em comparação ao salário mínimo nominal de 2014 a 2024: