Políticas tarifárias
Entenda as consequências de uma possível sobretaxação dos EUA no Brasil
Nova tarifa poderia reduzir a competitividade dos produtos brasileiros e trazer impactos na rentabilidade das exportações
Economia | 31 de Janeiro de 2025 as 13h 02min
Fonte: Noticias R7

As políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, geraram uma nova tensão no mundo, principalmente no cenário comercial. Recentemente, justificando uma possível taxação, Trump citou uma lista de países que, segundo ele, querem prejudicar os EUA, como o Brasil. Para especialistas ouvidos pelo R7, a sobretaxação de produtos brasileiros pelo governo norte-americano reduziria a competitividade dos itens no exterior, podendo trazer impactos na rentabilidade das exportações, além de afetar o câmbio e a balança comercial.
Não é a primeira vez que Trump ameaça taxar o Brasil. Em dezembro, o então presidente eleito criticou a ideia dos Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — de criar uma moeda comercial única. Na época, ele chegou a afirmar que as nações que seguissem com a ideia seriam taxadas em 100% ao exportarem produtos aos Estados Unidos.
Segundo o professor de relações internacionais Guilherme Frizzera, uma sobretaxação poderia diminuir a demanda por produtos brasileiros e afetar setores estratégicos, como o agropecuário, siderúrgico e manufatureiro. Isso ocorre pois as taxas tornariam os itens mais caros para os importadores americanos, levando empresas a buscares outros fornecedores.
“Embora o exportador brasileiro não pague diretamente essa tarifa, ele pode sofrer pressões para reduzir preços e compensar o aumento do custo para o comprador americano. Isso afetaria a rentabilidade das exportações e poderia gerar impactos no câmbio e na balança comercial brasileira. Além disso, uma retaliação desse tipo elevaria a tensão diplomática entre os países, exigindo negociações rápidas para evitar um efeito cascata em outros setores e preservar a relação bilateral”, explica Frizzera.
O especialista em direito migratório Vinicius Bicalho entende que a perda de competitividade no cenário global seria um problema para o Brasil. “Não podemos esquecer que no mercado internacional, apesar de ser muito grande, 25% do PIB [Produto Interno Bruto] do mundo está nos Estados Unidos. Então, se o Brasil perde competitividade para um mercado que representa praticamente um quarto da economia mundial, é natural que haverá impactos econômicos negativos”, disse.
Para os analistas, as ameaças de taxação são usadas como ferramenta de pressão para tentar forçar um comportamento específico. Frizzera entende que esse tipo de postura cria um risco para as relações entre os países envolvidos, pois gera um ciclo de retaliações que prejudica a confiança mútua.
“O resultado pode ser a fragmentação dos mercados globais, onde alianças mais flexíveis e estratégicas ganham força, e o sistema de comércio baseado em regras multilaterais fica cada vez mais enfraquecido”, completa.
Via de mão dupla
Em resposta às ameaças do republicano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil atuará com “reciprocidade” em um eventual aumento tarifário dos Estados Unidos para com o Brasil.
“É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos brasileiros. Taxar os produtos que são exportados para os EUA, não tem nenhuma dificuldade”, afirmou.
Além das ameaças tarifárias, Trump disse que o Brasil e outros países da América Latina precisam mais dos EUA do que o contrário. “[Acho que a relação] é excelente. Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”, afirmou Trump ao assumir a Presidência dos EUA.
Para o Brasil, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais. Em 2024, por exemplo, os americanos exportaram e importaram o equivalente a US$ 40,3 bilhões e US$ 40,5 bilhões, respectivamente.
No caso dos EUA, o México, Canadá e China são os principais parceiros comerciais do país. Entretanto, o Brasil ainda se destaca no ranking das 15 maiores nações que mais fazem acordo com os americanos, principalmente no quesito das exportações.
Para Guilherme Frizzera os EUA precisam da América Latina e vice-versa. “O comércio internacional não é uma via de mão única, mas uma relação de interdependência construída ao longo de décadas. O México, por exemplo, é peça-chave na indústria americana, fornecendo insumos e produtos que seriam difíceis e caros de substituir rapidamente. No caso do Brasil, setores como agropecuária, siderurgia e minerais estratégicos abastecem indústrias e consumidores americanos com eficiência e escala. Substituir esses parceiros não é simples, nem imediato”, analisa.
O professor destaca, ainda, que caso os EUA decidam cortar relações com os países da América Latina, a nação teria que lidar com escassez, reajustes de preços e impactos na competitividade das próprias empresas, o que, segundo o especialista, demonstra que, no comércio global, independência absoluta é um mito.
Apesar do discurso ameaçador, Trump ainda não aplicou as taxas prometidas na China, principal alvo do empresário. Porém, na quinta-feira (30), o americano confirmou uma tarifa de 25% para México e Canadá, que vai começar a valer a partir deste sábado (1º).
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